quinta-feira, 14 de maio de 2009

A andorinha e o Príncipe












"As andorinhas são um grupo de aves passariformes da família Hirundinidae. A família destaca-se dos restantes pássaros pelas adaptações desenvolvidas para a alimentação aérea. As andorinhas caçam insectos no ar e para tal desenvolveram um corpo fusiforme e asas relativamente longas e pontiagudas. Medem cerca de 13cm (comprimento) e podem viver cerca de 8 anos."
(in Dicionário)
"Dezasseis milhões de pássaros migratórios voam todos os anos da África Sub Sahariana para a Europa e das 50 espécies que o fazem a mais amada é a andorinha."
(in The Economist, Maio de 2009)
Golondrina, rondina, hirondelle, andorinha, swallow são as diversas traduções dessa pequenina ave que nos traz a Primavera. Em África outros nomes de sentidos sugestivos nos falam das andorinhas: inconjani (o pássaro que ilumina), nyamkaleme (o pássaro que nunca se cansa), giri giri (o encanto mágico).
As andorinhas vivem perto do homem, há milhares de anos, aparecem já desenhadas nos vasos gregos, e Virgílio e Ovídio referem-nas nos seus versos. Uma lenda conta que foram as andorinhas que afastaram os espinhos da testa do Cristo. Se não, como é que então se explica o vermelho que têm nas faces?
Quem não recorda a história da andorinha e do Príncipe Feliz, de Oscar Wilde?
A andorinha amiga da estátua dourada, com olhos de safiras e boca de rubi, do Príncipe, que o acompanha até o Inverno chegar e morre de frio, numa manhã gelada?
Quando se vem despedir do seu amigo porque o frio está a chegar e o bando das suas amigas vai partir para os países quentes do Sul, o Príncipe pede-lhe um favor antes de ir: quer saber como vive o seu povo desde que ele morreu.
Ela vai pela cidade e vem contar todos os dias os sofrimentos, a pobreza, o drama das pobres gentes. E, pouco a pouco, o príncipe vai-se despojando das folhas douradas que o cobrem e que a andorinha leva no bico para aliviar essa pobreza, a dor de nada ter.
A andorinha vai perguntando: Estás contente? Já posso partir para o Egipto?
Mas o Príncipe chora porque ainda há quem sofra na sua cidade. E a andorinha vai ficando...
Depois vão os olhos de safira no bico da andorinha, depois o rubi, e a estátua fica despida.
Mas o Inverno chegou, e é tarde para a andorinha voar para o Egipto.
Numa manhã de céu branco, prenunciador de neve, vem o varredor limpar o parque e varre a andorinha morta, olha para a estátua do Príncipe e lamenta vê-la despida da sua riqueza, nua, uma vergonha para a cidade.
E assim acaba a história de uma andorinha e do seu amor pelo Príncipe Feliz...




2 comentários:

  1. Não li o livro mas vi este conto na TV, na minha infância. Lembro-me perfeitamente que quando a andorinha morre aos pés do príncipe, eu chorei bastante. Foi comovente e muito triste.
    Foi das histórias que mais gostei!

    Fernanda Ramos

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  2. É dos contos mais lindos e mais tristes de que me lembro, de facto... Deixou-me uma saudade aquele sentimento de amar e sofrer por qualquer coisa que nem sabemos o que foi: existiu o Príncipe Feliz e a sua amiga andorinha? Que importa? Os car Wilde "fez" com que eles existissem e nós nos comovêssemos com eles...
    Ainda bem que a fiz lembrar essa história!

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