quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Poesia: Régio e Sebastião da Gama "Quando eu nasci..."




O dia em que os poetas nasceram...























José Régio...




Quando eu nasci, Senhor! já tu lá estavas,
Crucificado, lívido, esquecido.
Não respondeste, pois, ao meu gemido,
Que há muito tempo já que não falavas.





Redemoinhavam, longe, as turbas bravas,
Alevantando ao ar fumo e alarido,

E a tua benta Cruz de Deus vencido
Quis eu erguê-la em minhas mãos, escravas!





A turba veio então, seguiu-me os rastros;
E riu-se, e eu nem sequer fui açoitado,
E dos braços da Cruz fizeram mastros...







Senhor! eis-me vencido e tolerado;
Resta-me abrir os braços a teu lado,

E apodrecer contigo à luz dos astros!











E Sebastião da Gama...






Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura
que olhava nos olhos de minha Mãe.






... Ora aqui há uns tempos, em Agosto creio, ao falar do "nascimento" de José Régio, acabei por copiar o soneto "Quando eu nasci..." de Régio ... do poema de Sebastião da Gama que começa também por "Quando eu nasci..."
Internet. Problemas de "copy" e "paste"... Culpa do computador, claro... Da máquina! Da precipitação e da rapidez também com que nos movemos... Mas indesculpável!
Peço desculpa aos leitores que induzi, involuntariamente, em erro e agradeço a Leonilda que, apreciadora e conhecedora dos dois, disso me avisou...

Aqui ficam agora atribuidos correctamente: Sim, Leonilda, tem razão: "o seu a seu dono!"

Grandes poetas que eles são os dois, não precisam de ser confundidos...

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