quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Juliette Gréco fez ontem 85 anos... Comme le temps passe...

"Juliette Gréco Nasceu em Montpellier em 7 de Fevereiro de 1927. Criada, com a irmã Charlotte,  junto da avó materna - porque os pais se separaram muito cedo. 

A mãe, doida pela própria liberdade e vontade de emancipação, desaparece nos seus sonhos de artista, ausenta-se, abandona-as. Entrega-as aos pais".

E, cruelmente, diz-lhe que nunca quis que ela nascesse, que ela foi apenas um "acidente" na sua vida.

Juliette viveu uma infância e adolescência melancólicas. 

Solitária, sentindo-se “ mal –amada”, numa constante insatisfação, com uma ferida no coração que vai determinar a sua vida, as escolhas, a rebeldia. Exprime-se melhor pelos gestos e pela dança do que pelas palavras. Toda a sua expressão gestual se vai encontrar e libertar, no  modo com interpreta as canções...

Transforma-se em "La petite môme" da canção que Léo Ferré escreveu para ela e que ela canta magnificamente.




"Um dia, o avô morre e a avó deixa de poder tomar conta das netas.  Voltam para a mãe: direcção Paris, rue de Seine, em Saint-Germain des Près, para casa da mãe. 

Juliette  entra na Escola de Dança da Opéra de Paris. Mas 1938 aproxima-se rapidamente, a guerra chega. 


A mãe e a irmã entram na Resistência. São presas e morrem as duas, num campo de concentração. Juliette escapa à morte, devido à sua pouca idade.


E à sorte...

Vi-a falar sobre isto tudo no programa que a ARTE/TV lhe dedicou há dois dias. Foi a primeira actriz francesa a voltar à Alemanha depois da Guerra.



 "Cantei, mas as lágrimas corriam-me pelo rosto", confessa.

Um jovem vem ter com ela, no final do espectáculo, e pergunta-lhe:

“Como pôde vir cantar para  nós? Não nos odeia?

Ela responde: 

“A si, não. Ao seu pai com certeza...”

A “petite môme” segue o seu caminho, fazendo as suas escolhas, cantando, fazendo filmes até ao momento em que percebe que ela era uma cantora acima de tudo. E abandona os papéis no cinema...
Saint-Germain é o seu terreno, o tempo é o dos existencialistas, dos "caveaux"


Os seus amigos são Brel, Ferré e a escritora Françoise Sagan, quase uma irmã gémea.

Numa entrevista à revista L' Express, em resposta à pergunta: 


"Qual a sua relação com a cena hoje que festeja os seus 85 an os e os 63 anos de canção, no Théâtre du Châtelet?", responde, com simplicidade que a caracteriza: 

É um encontro de amor louco, de esperança, de desejos, de sedução. Foi sempre. Amo apaixonadamente  o meu público e é por isso que canto coisa difíceis, por respeito profundo. 
Como Brel, Brassens, Ferré, Barbara que foram para mim artistas exemplares, e apaixonados respeitosos do público...”
A voz não é a mesma, mas a personalidade rebelde da artista  continua forte, verdadeira, generosa.

 De 6 a 8 de Fevereiro J.G estará no Théâtre du Châtelet onde vão ser festejados os seus 85 anos...


Outras canções cantadas por Juliette Gréco:


À Saint-Germain des Près


http://youtu.be/WViZAyChiOE

La Javanaise (de Serge Gaisnbourg)

Sous le ciel de Paris

La Javanaise, cantada por Serge Gainsbourg:



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