sábado, 16 de junho de 2012

Aragon, Brassens, Ferrat, Léo Ferré ...e os outros!


fotografia fotografada de "Le Nouvel Observateur"!

Num interessante artigo de "Le Nouvel Observateur", li que foi publicada, em 14 de Junho, na revista NRF (“Variété, Littérature et chanson”, Gallimard) uma pequena entrevista radiofónica com o poeta francês  Louis Aragon (1963-1964).

Entre outras coisas, fala dos cantores que interpretaram os seus versos, pondo-os em música, criando uma canção.
Foram tantos...


Diz ele:

Georges Brassens no Olympia, em 1960

Houve quem cantasse antes de Brassens os meus poemas. Mas, de facto,  Brassens foi o mais conhecido, e a canção a partir do meu poema “Il n’y a pas d’amour heureux” foi apreciada pelo grande público, não por mim, mas pelo talento de Georges Brassens”.

Brassens, 1960, Johnny Halliday, 1961, e Jean Ferrat, 1966

Outros:  Léo Ferré, Jean Ferrat e Johnny Halliday.

O homem que  deu,  realmente, força às canções tiradas dos meus poemas foi Léo Ferré - se bem que, antes dele, um jovem cantor  tenha feito uma canção do poema “Les Yeux d’Elsa”.


Não conhecia o seu autor que não assinara a canção. Ouvi-a pela primeira vez na rádio, era muito popular, e só muitos anos mais tarde que um jovem muito tímido, que se chamava Jean Ferrat que  me apareceu confessando ser ele o autor da canção.”

Continuando, refere-se a Léo Ferré que tirou alguns versos dos seus poemas (“Elsa”, “Le Roman inachevé”, por exemplo) e os organizou à sua maneira, numa canção, modificando o lugar dos versos, escolhendo um para refrão, etc.
Léo Ferré, em 1957

Quando o entrevistador lhe perguntou se essa “liberdade” não o chocou, respondeu:

“Não. Por que é que me chocaria? (...) Acho natural que um homem com o talento de Léo Ferré -e a sua sensibilidade- tirasse de mim alguma coisa, isso até me honra.  Fico muito interessado no que ele vai fazer, cortando aqui, acrescentando ali: é como se fizesse uma crítica da minha poesia. (...) ensinou-me coisas sobre os meus poemas.”

Afirma que, depois dessas canções, esteve mais atento, nos poemas mais recentes.
Louis Aragon, a mulher Elsa Triolet ("Elsa") e, atrás, Léo Ferré

“Quem sabe se não se poderá encontrar neles alguma influência de Léo Ferré...”

E Johnny Haliday e a música "yé-yé"?
Johnny Halliday e a sua Harley Davidson

“Não tenho qualquer forma de desprezo pelas formas mais recentes da canção.  Mesmo as de Johnny Haliday –algumas das quais considero boas. Não é o facto de usar a expressão do sentimento feita por certas al palavras -mas com outros meios-  que elas perdem em intensidade. Pelo contrário. Querer opor um tipo de música a um outro, matar uma canção por causa de outra, isso é que é mau. (...) Não vou denegrir um tipo de música que agrada à juventude”.

"Para agradar à juventude? Resta saber durante quanto tempo se pode agradar à juventude”, diz o entrevistador, irónico.

Aragon, "cantado" por vários intérpretes

A juventude não é uma questão de moda: seja como for, a juventude é muito breve. O que está a pôr em causa não é a juventude, mas a própria condição humana. Na verdade umas coisas sucedem-se às outras. Importa é saber  o que volta, ao fim de um certo número de anos...” 

Confesso que gostei da "mini-entrevista". 

Conheço Aragon desde que alguém mo ofereceu nos meus dezasseis anos e gosto dele. 

Tem lindos poemas de amor! 

E um belo romance triste, "Aurélien"...


E Georges Brassens, Léo Ferré e Jean Ferrat estão entre os meus cantores franceses preferidos.
Jean Ferrat
Jacques Brel (tive de o pôr também!), Léo e Brassens

Até o que diz sobre Halliday não está mal... Tem bonitas canções.



http://youtu.be/FAe6GvRsedI

1 comentário:

  1. Gosto destes nomes todos.
    De Louis Aragon, que conheci aqui no seu blogue, consegui apenas, em português "Os sinos de Basileia".
    Um beijinho e bom domingo

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