domingo, 31 de março de 2013

Páscoa, como dantes?


Pois é, está aí a Páscoa!

-Tens amêndoas para a Páscoa?

Era o Ratinho Poeta a lembrar-me, há uns dias...
- Não....

Portalegre, no nevoeiro (foto de R.A.M.)

Não, não  tinha. Porque para mim as amêndoas da Páscoa têm de ser as da Páscoa de há tantos anos: amêndoas de chocolate, ou só de açúcar, redondinhas e doces, da Fábrica de Portalegre. 

retrato de uma jovem, Desenho de McEvoy 


Casas amarelas, em Dieppe de McEvoy



Cada um tem a sua mania...

Porta fechada de uma velha casa

E já não conto com aqueles saquinhos amorosos, cheios de amêndoas delicadas (de Paris?), com figurinhas de bébés com touquinhas de várias cores, e um licor suave lá dentro... Porta fechada de uma casa

Dessas, não  como há séculos, direi mesmo... As coisas esvaem-se na memória, tudo se degrada, fica apenas a recordação viva do que passou.  Pura, indelével. Transformada, quando se volta a ver.

janela dessa Casa amarela, algures

janela dessa Casa amarela, algures


Mas como encontrar as amêndoas de chocolate –as minhas preferidas!-  aqui tão longe? 

Várias sugestões de amigos... Deus salve os amigos!

Há em Lisboa, numa Mercearia alentejana, disseram-me...

Mas, de repente, lembrei-me da minha amiga Catarina, que dirige a Mercearia de Marvão! Um cantinho bonito, numa das belas ruas de Marvão. 
Onde vou conversar às vezes um pouco, quando lá vou...




Mercearia de Marvão!


uma das belas ruas de Marvão

Falei-lhe (por email), e contou-me que tinha nevado muito por lá e, para me animar, disse que tinha as amêndoas que eu queria e...rebuçados de ovos!

Amêndoas! A partir daí, tinha a Páscoa  salva! E lá chegaram pelo correio, num embrulho muito observado pelos amigos, que tudo cheiraram, com a curiosidade que os caracteriza... 

encomenda e curiosidade 


o pacote de amêndoas!


- E os folares com ovos não compras?

Agora era o Ouricinho que estava sentado num pires, a ver o que eu fazia... Como é que eles sabem estas coisas?

Mais uma pergunta com resposta difícil. Nessa tarde, fui comprar um a Cascais. Sim, comprei um,  comprei, mas era duro e seco!



Fui arrumar as amêndoas e os rebuçados de ovos, no tabuleiro de charão que foi da minha avó, com umas chaveninhas dela também. Justo, pois era ela que na Páscoa nos levava ao Calvário a ver o Cristo morto...


.. Mandaram-me a receita da minha avó... mas não tive vontade de a fazer os folares! Dei há tempos a minha máquina dos bolos... quem vai amassar aquilo tudo sem máquina? Eu cá,  não!




De qualquer modo, com amêndoas, rebuçados, um raminho de alecrim e os amigos ao pé... a Páscoa tem de ser boa!



(Lá fora chove. O borrego está a "esturrar" no forno, à espera... )

Festa é esta!

Páscoa Feliz, amigos!

sábado, 30 de março de 2013

Glicínias e poesia, numa Primavera que não quer chegar...


(MJF)

 A flor Glicínia do grego Glukus é uma planta ornamental da família das "fabaceas", de cor anilada. 
glicínias aqui perto de casa (MJ)

Tem o nome de "flower of Wisteria" e, na China, é a  “Purple Vine” (Wisteria Sinensis ou "Videira púrpura"). 
As pétalas rebentam, harmoniosamente, do tronco forte, de uma cor púrpura escura, até ao rosa suave da base. 
Sempre me lembro de ver as flores brotar antes das folhinhas nascerem, mas não posso afirmar isto como "científico... Sempre gostei destas flores, desde que me lembro.
Fotografei-as quando pude, como pude...

Roland Gardens(MJF)

glicínias em Roland Gardens, há 4 anos (MJF)

A Wisteria simboliza, dizem os que a "estudaram", o prazer da aventura das plantas trepadeiras! Entre as plantas, as videiras de glicínias são um exemplo bem vivo da espontaneidade da natureza. Da luta pela vida de certas plantas "arrampicanti" (lá vem o italiano...) , da conquista dos espaços que a rodeiam, numa aventura constante!

glicínias aqui por perto (MJ)


No Japão, há parques de glicínias, as belas "wisteria flowers", de cor azul arroxeado, uma cor nobre, como disse um meu amigo japonês.


bosque de glicínias (blog algarve-saibamais)


A origem destas plantas está na China e no Japão:  a wisteria sinensis é talvez a mais comum e mais antiga. Flores azuis , brancas ou mesmo violeta.
blog "algarve-saibamais"


blog referido


A Wisteria Floribunda (ou glicínia japonesa) foi dali levada para a América, em 1860.
A wisteria japonesa Talvez seja a que tem a floração mais espectacular de todas e pode ter flores rosa, brancas, azuis ou violeta. Os cachos das suas flores podem ser enormes - chegam aos 45 cm.
 Ashikaga Park, Tochigi, Japão (blog referido)

No Kentucky, no sudoeste da América,  há uma variedade que se chama Blue Moon,  a wisteria macrostachya, de flores muito azuis.

Blue Moon

Há, ainda, a wisteria frutescens (América) chamada "Amethyst-Falls- Wisteria" que nasce nas florestas húmidas.

No Japão, país que ama, de modo especial, e, como nenhum outro, as flores, no parque de Ashikaga Tochigi, por exemplo, há mais de 160 glicínias quase centenárias (80 anos) e uma grande "latada" que tem cerca de 140 anos... 

túnel de glicínias, Kawachi Fuji (blog algarve-saibamais)

Neste parque existe também um outro tipo, a golden chain ou wisteria amarela, que foi importada em 1970 para o Japão. Diferente, mas igualmente do grupo das "fabaceas", mais pequena e de flores maiores.

golden chain ou wisteria amarela

A delicadeza do perfume, a suavidade da cor -que vai do púrpura ao lilás, ao branco e mesmo ao amarelo- são inigualáveis. 


São chamadas as flores da ternura! Pela serenidade e paz e sensação de prazer que nos dão? Com certeza!

Por que me terei lembrado das mimosas da  bela Toada de Portalegre, de José Régio?

"E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!..., mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria  extrema
Em que vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
Ou se um filho me nascera.”

Vi coisas lindas neste blog:



sexta-feira, 29 de março de 2013

A Paixão de Cristo, vista pelos artistas plásticos de todos os tempos...



Sandro Boticelli, O Cristo morto

Raffaello Sanzio, Deposição de Cristo 

Pietro Lorenzetti, Cristo morto, Basilica de Assisi

Vittore Carpaccio, Cristo Morto

Rosso Fiorentino, Descida da Cruz

Giovanni Bellini, Cristo no meio de dois anjos

Um Cristo português, de Rosa Ramalho

Quentin Matsys, Lamentações sobre o Cristo morto 


Cristo da Paixão, desenho de José Régio

Cristo de barro, no Museu José Régio 

Pietà, de Van Gogh, Arles


Paul Gauguin, O Cristo Amarelo, 1889

segunda-feira, 25 de março de 2013

Três mulheres, três pintoras do Impressionismo...

 Mary Cassat, Marie Bracquemond e Berthe Morisot ... "As três grandes mulheres" do Impressionismo.


Mary Cassat, Summertime, 1894

Mary Cassat nasceu em 22 maio 1844(em Allegheny City, na Pensilvania,  e morreu em 14 de Junho de 1926. 
Mary Cassat, Passeio de barco

Mary Cassat, Na praia (1884)

Pintora americana, gravadora também. Viveu grande parte da juventude em França, onde foi amiga de Degas e, mais tarde, participou em exposições com pintores impressionistas, pinta muitas vezes cenas de interior com mulheres e crianças. 


Pinturas de Mary Cassat (1844-1926)

Miss Mary Ellison

Jovem mulher, vestida de verde

Taça de Chá, 1888

Mary Cassat, Auto-retrato

Gustave Geoffrey, jornalista e crítico de Arte, em 1894, referiu-se a “três grandes mulheres“ do Impressionismo: falava de Mary Cassat, de Marie Bracquemond (1840-1916) e de Berthe Morisot.


Gustave Geoffrey, retrato por Paul Cézanne


Marie Bracquemond (1840-1916)era casada com o pintor Felix Bracquemond que impediu um pouco que ela se "manifestasse" porque não apreciava o Impressionismo e talvez tivesse inveja do triunfo dela, segundo dizem. Marie tinha estudado pintura com o grande  Ingres, participou nas exposições dos impressionistas, conheceu Baudelaire e Manet. Em 1890, abandonou a pintura, desanimada com as críticas que o marido lhe fazia


Félix Bracquemond, As andorinhas

Marie Bracquemond, À luz do candeeiro

Marie Bracquemond, Retrato de Pierre Bracquemond, seu filho


Berthe Morisot (1841-1895) estudou com Corot e aprendeu escultura com Millet, Berthe teve loções de escultura com Millet. Em 1863 começou a pintar ao “ar livre”, em Pontoise. Conheceu Daubigny e Daumier. Depois desse período de aprendizagem, viajou pela Inglaterra e pela Espanha. Voltou a Paris, conheceu Manet para quem posou, apaixonou-se pelo irmão dele Eugène, com quem casou.

retrato de Berthe Morisot, por Edouard Manet

Menina no Baile

Berthe Morisot, Menina de vermelho e com chapéu

Berthe Morisot, Jovem, de perfil

Berthe Morisot, Na varanda

Berthe Morisot, Menina de avental vermelho

Berthe Morisot (1879), Mulher ao espelho

Berthe Morisot, Roupa estendida