domingo, 7 de abril de 2013

Lendo mais alguns "haikus" neste domingo parado...


Poeta japonês escritor de haikus

Não resisto a pôr hoje estas pequenas maravilhas...

De Matsuo Bashô, o mais antigo poeta de "haikus", poeta do séc. XVII (1644-1694. Nesta Primavera "outonal", como não entender este grito?

"E tu, aranha 
como cantarias 
neste vento de Outono?" 

Matsuo Bashô



Ou esta de Tan Taigi, poeta do séc. XVIII, sobre "o gato apaixonado" e os seus bigodes:

"Apaixonado

O gato esquece o arroz

Colado aos bigodes"


Tan Taigi (1709-1771)


ou ainda "O gafanhoto" e o orvalho, de Kobayashi Issa:

"Gafanhoto –

Não pises as pérolas
 de orvalho branco"


Kobayashi Issa (1763-1827)


e o quase-epitáfio de Osali Kôyô: "se pudesse morrer..." 


"Se pudesse morrer

Antes que o orvalho seque-

Seria perfeito"

Ozaki Kôyô (1867-1903)




Versos que me lembram os de outro poeta, português, (cujos versos me giram na cabeça, mas que não identifico... alguém me ajuda?): 


“Se eu pudesse morrer ao amanhecer

 com clarins troando na cidade deserta...

De Chirico

Ou de Mário de Sá-Carneiro...

"Quando eu morrer batam em latas, 
rompam aos saltos e aos pinotes 
façam soar no ar chicotes,
 chamem palhaços e acrobatas..."


Seurat, Circo


O mesmo sentimento da morte que se espera e se desejaria momento perfeito, a beleza, a sensibilidade dos versos dos poetas  – mas quanta diferença na imediateza e no momento “efémero” e infinito do “haiku” japonês.



1 comentário:

  1. É tudo tão bonito!
    Gosto dos Haiku e das pinturas.
    Fui espreitar na Net se descobria de quem são os versos de que fala, porque se calhar nunca os vi, mas ao mesmo tempo parecem-me familiares. São muito bonitos e agora também gostava muito de saber a autoria.

    Um beijinho grande

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