quinta-feira, 25 de abril de 2013

INSISTO : VIVA O 25 DE ABRIL!


O 25 de Abril foi uma utopia? 

“Grândola vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
dentro de ti, ó cidade...”

Foi uma utopia? Não. Foi uma necessidade. Uma urgência. Uma revolução? Eu diria que foi "evolução"!



Hoje, quase 40 anos depois, quem “sabe” realmente o que esse dia de libertação significou neste país parado entre a enorme Espanha  infindável e o mar ?

“À sombra d’uma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade...”

Portugal era um país parado. Era um país onde o analfabetismo conhecia níveis assustadores; um país em que só alguns estudavam e uma minoria de jovens conseguia licenciar-se. Os que tinham a sorte de pertencer à classe média -ou superior...
A maioria acabaria o 5º ano e tantos outros teriam apenas a 4ª classe, ou nada.
Abril trouxe a evolução...
Com cravos, sem balas, com generosidade, com humanismo!

Vivia-se num marasmo, onde a única situação possível era a “situação” do Dr. Salazar. Revoltar-se, discordar, não aceitar era perigoso. 
Um país suave, suave e de brandos costumes -como se costuma dizer- a verdade é que esse regime era uma ditadura! Onde se podia viver medianamente bem, (ou até muito bem), com a cabeça enterrada na areia.  
Muitos foram parar com os ossos na cadeia, Ser torturado. Morrer.


A canção “Grândola” foi um mito bom. A voz de Zeca Afonso, a esperança dos versos, os passos que se ouvem,arrastados, dos cantadores do "cante" alentejano. Canção que, antes, não se podia ouvir...

Lembro-me de um Abril, o de 2006, em que vi com os meus alunos o filme de Maria de Medeiros sobre o 25 de Abril, "Capitães de Abril".
Emil Nolde, Campo  de papoilas e nuvem vermelha

Expliquei o que muitos dos meus alunos desse ano não sabiam. Sabia a Marty, sabia a Mónica, mas a maioria desconhecia aquela história, nunca a tinham contado.E gostaram de saber. Vi a curiosidade, o entusiasmo daquela juventude. 

Vi espanto, orgulho e até respeito. Comovi-me, comoveram-se. 


Comovi-me, sim, como todas as vezes em que recordo esse dia vivido com medo e com esperança.
Por isso, por tudo o que nos deu esse dia, grito ainda hoje: viva o 25 de Abril. Sempre!

4 comentários:

  1. Bom dia!
    Cheguei a Espanha em 1970, e a primeira coisa que compreendi foi que em Portugal havia muita miséria, demasiada miséria, uma miséria vergonhosa. Ainda posso recordar a raiva que senti por ter vivido numa nuvem de algodão, sem ter consciência de nada.
    Os tempos agora voltam a ser escuros, mas aquilo já não é possível, porque agora as pessoas sabem o que querem. E o que não querem nunca mais.
    Beijinho, logo escrevo.

    ResponderEliminar
  2. Parece que estão a tentar empurrar o povo e o país outra vez para essa miséria...

    Viva o 25 de Abril. Sempre!!

    ResponderEliminar
  3. É verdade! Quando veio o 25 de Abril estávamos na miséria que não era apenas "física", porque o analfabetismo era gritante e a ignorância por essas terras dentro era enorme!
    E tens razão quando dizes que não se pode andar para trás, mesmo neste momento difícil que passamos: "agora as pessoas sabem o que querem. E sabem o que não querem."
    E isso não vai voltar nunca mais!beijos

    ResponderEliminar
  4. Não há nada que pague a liberdade: poder escolher, poder ler os livros que se quer, poder falar à vontade...
    A liberdade é um bem inestimável.
    Viva a liberdade que o 25 de Abril nos deu! E que infelizmente alguns não sabem utilizar.

    ResponderEliminar